Moradores da comunidade Botafogo, em Santo Antônio do Itambé inauguraram, no dia 20 de maio, a jornada de debates sobre a mineração em Minas Gerais. A Assembleia Popular debateu a mineração e seus impactos na região e reuniu agricultores, jovens, professores do município e atingidos pelo Projeto Minas-Rio de Conceição do Mato Dentro.

A Assembleia foi um momento de discussão sobre os impactos e violações sofridas pelas populações atingidas por empreendimentos minerários e a ameaça de mineração no território com o Projeto Serro, da Anglo American.  “Não podemos deixar a mineração chegar aqui. Temos o exemplo bem perto da gente, na cidade vizinha em Conceição. Eles chegaram prometendo empregos e melhorias, mas a gente vê que só vem destruição, falta de água e problemas”, alertou dona Odete, moradora da comunidade Queimadas.

A Anglo American possui um projeto de mineração na área rural do município do Serro, na divisa com Santo Antônio do Itambé, zona de amortecimento do Parque Estadual do Pico do Itambé. Em outubro de 2015, o município do Serro negou a autorização para empreendimento, mas os moradores afirmaram que a empresa continua atuando no território e que pode voltar a pressionar o município para seguir com o licenciamento ambiental a qualquer momento.

De acordo com o professor da comunidade, Lucas Bittencourt, no Estudo de Impacto Ambiental da empresa apenas o Serro é identificado como atingido, sem considerar as várias comunidades rurais no entorno, como o Botafogo, que poderão sofrer com os impactos. Segundo ele, a própria empresa afirma em seus estudos que o projeto é pequeno e possui caráter experimental. “Ou seja, uma vez que ela se instale aqui, a principio para exploração reduzida, pode pleitear expansões e a região ser dominada pela mineração. Os danos ambientais e sociais disso são imensuráveis”, completa.

O sentimento entre os participantes da Assembleia era o mesmo: que a vida nas comunidades se tornaria inviável com a chegada da mineração. “A mineradora quer nossas águas, nossas terras, mas vamos nos unir para não deixar isso acontecer”, afirmou Seu Zé Olavo, agricultor e morador da comunidade.

Ao final da Assembleia, os participantes assumiram o compromisso de mobilizar as comunidades vizinhas e realizar mais debates sobre os impactos da mineração na região. O encontro foi realizado pela própria comunidade em parceria com o MAM – Movimento pela Soberania Popular na Mineração.

Assembleias

As Assembleias Populares da Mineração – um debate urgente e necessário são espaços de debates realizados entre os meses de maio a novembro, em 100 municípios de 11 estados do país, com atividade mineral ou afetados pelo escoamento da extração para a exportação. O objetivo é refletir, debater e produzir uma memória política da mineração através da luta dos trabalhadores e populações em contradição com o capital mineral, com propostas de superação soberana e popular do atual modelo de mineração.

Comunicação MAM


Leia também:

Assembleias Populares da Mineração: um debate urgente e necessário