As empresas BTEC Construções S.A (antiga Pavotec) e LCM Construções e Comércio contrariam as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o isolamento social como medida de controle da disseminação do novo coronavírus, mantendo em operação as obras de construção da ferrovia na região, aglomerando trabalhadores de diversos municípios. Parte das obras do Trecho FIOL 1, da Ferrovia de Integração Oeste Leste, segue funcionando na região do distrito de Brejinho das Ametistas, no município de Caetité-BA, contrariando as recomendações dos órgãos de saúde nacionais e internacionais. Apesar das denúncias realizadas nas últimas semanas, a situação permanece inalterada.

A FIOL tem como objetivo servir de estrutura para o escoamento de minério do sudoeste da Bahia, principalmente o minério de Ferro da Bahia Mineração (BAMIN S.A.), e grãos do Oeste do Estado até o Porto Sul, em Ilhéus, de onde os produtos serão exportados para outros países. Segundo moradores da região em obras, todo final de semana trabalhadores se deslocam para suas cidades e retornam no início da semana, aumentando o risco de transferência do vírus de uma região para outra através destes trabalhadores, já que muitos são de cidades que já possui casos da Covid-19.

Nessa região, comunidades como Curral Velho, Manoel Vicente, Açoita Cavalo e Serragem, sofrem desde o início das obras, em 2011, com rachaduras em suas casas, nas caixas d’água, além de terem suas terras aguadas e estradas danificadas pela presença das empresas e, principalmente, devido às explosões. Mesmo organizando-se para reivindicar seus direitos e até com processos na Justiça para que as empresas possam resolver a situação das comunidades, essas famílias seguem sem reparação, apesar das obras seguirem operando. E, neste momento, com as obras acontecendo próximas ao perímetro urbano do distrito de Brejinho das Ametistas, o risco de contaminação pelo vírus é ainda maior.

Brejinho das Ametistas está localizada a 27 km de Caetité-BA, e teve grande parte da sua história ligada à mineração de Ametistas, cuja referência traz em seu próprio nome. Apesar disso, o povo do distrito e das comunidades na região nunca participou de maneira efetiva dos ganhos da atividade da mineração. Se antes foram os donos de garimpos, grade parte deles estrangeiros, que operaram uma verdadeira exploração do povo e saque do bens naturais, agora é a Bahia Mineração (BAMIN LTD.) e seu complexo logístico, que inclui a ferrovia, a responsável por prejudicar de maneira irreversível a vida do povo, além de colocar em risco a vida da população, neste momento de pandemia do novo coronavírus.

A situação exige medidas por parte dos órgãos de fiscalização e controle, e do poder público de maneira geral, de forma a interromper as atividades das empresas neste momento, com vistas a garantir aos trabalhadores o direito ao isolamento social, obrigatório em todo o país, e também a segurança de toda a comunidade que está suscetível a contaminação pelo Covid-19 neste período.