O Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) vem a público manifestar seu repúdio ao atentado sofrido pela companheira Sandra Amorim, indígena, militante do MAM, lutadora das causas sociais e dos direitos humanos em Barcarena, no Pará, e candidata à vereadora pelo município. Sandra sofreu um atentado na noite de 29 de outubro de 2020.

Segundo informações da companheira e seus familiares, foram disparados três tiros de arma de fogo contra sua residência. Ela e os dois filhos com quem mora estavam em uma reunião política no momento do atentado, e foram contactados pelos vizinhos, que ouviram os disparos.

A luta dos povos tradicionais em Barcarena contra a hegemonia do poder econômico opressor e escravocrata é histórica. Ao enfrentarem as desigualdades e injustiças sociais na região, indígenas, quilombolas e ribeirinhos são perseguidos e ameaçados diariamente pelo grande capital, que explora a classe trabalhadora, comete crimes ambientais e prejudica o modo de vida das comunidades locais.

Sabemos que este não é um fato isolado, e sim associado à um processo de avanço do conservadorismo e acirramento dos conflitos em territórios minerados no Brasil e em toda a América Latina.

Diante da ameaça e do atentado sofrido pela companheira, o MAM repudia qualquer tentativa de silenciamento do povo que se levanta contra a ordem do capital mineral e seus defensores. Nos solidarizamos à companheira e à sua família, e tomaremos todas as medidas possíveis para denunciar este crime e buscar justiça e liberdade política na região.

É por ter voz e poder de fala que Sandra Amorim, enquanto militante do MAM, resolveu colocar-se à frente na disputa eleitoral como candidata à vereadora de Barcarena, acreditando na possibilidade de ganhar mais espaço e força na luta por direitos. Sua trajetória é histórica, conhecida por denunciar os crimes cometidos pela Hydro Alunorte, após vazamento de milhões de litros de rejeitos que contaminou bacias inteiras e diversas comunidades de Barcarena.

Sandra também luta há anos pela demarcação da comunidade quilombola Sítio São João, território que é alvo de interesse da mineração para ser usado como rota de escoamento da exploração mineral. Por isso, sua candidatura é também um direito e dever cívico, para desenvolver e construir um projeto de sociedade que possa trazer melhorias na condição de vida da população local.

Na certeza de que é urgente a superação deste modelo de mineração, que mata e adoece o povo, e de que só a luta muda a vida, gritamos:

Não irão nos calar!
Nunca sozinhas!

30 de outubro de 2020,

Coordenação Nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração

Marabá, Pará.