No sábado, 29 de outubro, centenas de pessoas foram as ruas de Belisário, distrito de Muriaé (MG), para manifestar contra a ampliação de mineração de bauxita no entorno do território da Serra do Brigadeiro. A manifestação aconteceu no fim da tarde e foi construída por diversas organizações populares, pastorais e universidades. Com muita animação, o ato contou com músicas, peça de teatro, palavras de ordem, cartazes e faixas alertando sobre os impactos da mineração na região.

Para Luiz Fernando, militante do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), as comunidades só conseguem exercer a soberania frente ao capital mineral se estiverem organizadas e realizando lutas de resistência. “Se dependermos desse sistema político os territórios serão todos apropriados de acordo com os interesses do capital mineral. Somente com organização e lutas populares conseguiremos enfrentar este modelo de mineração que não tem nada a oferecer as comunidades. Um movimento se constrói com mãos, pés, mentes e corações, é necessário ampliarmos essa consciência coletiva de que será o povo organizado que mudará os rumos da história, temos de nos organizar para negar e superar este modelo de mineração capitalista, excludente e degradante”, afirma o militante.

Os impactos gerados pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), pertencente ao grupo Votorantim, já é pauta de mobilização das comunidades e entidades populares há quase 20 anos. Para Reinaldo Barberine, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a manifestação é fruto de uma histórica articulação e resistência na região. “Estamos todos de parabéns, esta manifestação que é fruto de um esforço coletivo vai ficar marcada na história e mostra que com o povo não se brinca, já tomamos nossa decisão, as comunidades não aceitarão a implantação dessa mineração que só deixa rastros de destruição. Dizem por aí que a CBA vai trazer emprego, o que é mentira! A CBA vai acabar com os empregos, pois aqui tem trabalho sim! É trabalho rural! A mineração vai destruir nossas terras e águas inviabilizando o fortalecimento da agricultura familiar”, exclamou Barberine.

Frei Gilberto Teixeira, padre da paróquia de Belisário, evocou as mensagens do Papa Francisco e reafirmou o compromisso da igreja com o meio ambiente e os projetos de interesse coletivo construído pelas comunidades. “Nossa expectativa é mostrar a sociedade a posição dos moradores de Belisário, pois a maioria aqui é contrária a exploração do minério e achamos que Belisário, por ser uma região de produção de água, precisa ser preservado tanto para nós quanto para Muriaé e a população aí pra baixo. Com esta crise hídrica a água precisa ser preservada, além do potencial agrícola e turístico que pode ficar ameaçado pela exploração do minério. A intenção é mesmo mostrar que somos contrários a presença de uma mineradora aqui” disse o Frei franciscano.

Ao final da manifestação foi realizada uma mística na paróquia enaltecendo a defesa dos elementos da natureza e do bem comum. Segundo os organizadores, a articulação e mobilização vão ser cada vez mais constantes, e afirmaram que enquanto os direitos e vontade das comunidades não estiverem garantidas eles permanecerão em luta.

Confira as fotos do Ato no link: https://goo.gl/MXKqf8

Comunicação MAM