O trem de carga da Vale, que tem 3,3 km de extensão, bloqueia a única via de acesso da comunidade de Capotal em Anajatuba (MA), decisão judicial já havia proibido essa prática.
Os moradoras da comunidade de Capotal, no município de Anajatuba (MA), vivem com constantes problemas na travessia da Estrada de Ferro Carajás (EFC), o problema é que o trem de carga da mineradora Vale, fica estacionado em frente ao único acesso da comunidade ao centro de Anajatuba. A passagem segura mais próxima é um viaduto que fica aproximadamente dois quilômetros da via de acesso à comunidade, que não tem estradas para chegar até o viaduto, eles têm que caminhar sobre a margem da ferrovia em meio a muito mato e lama.
No ano de 2013, a Justiça Federal proibiu o estacionamento dos trens da Vale nas proximidades de povoados e núcleos urbanos ao longo da EFC, como não há condições adequadas de travessia nos pontos tradicionalmente utilizados pela comunidade, a empresa viola um dos direitos fundamentais que é o direito de ir e vir e da liberdade de locomoção, garantidos na Constituição Federal, porém não é isso que vem sendo denunciado pelos moradores.
Segundo Domingas Rodrigues (55), o ônibus escolar fica parado esperando o trem passar e quando o trem estaciona, o jeito encontrado é passar por debaixo, o que representa um risco para as crianças. “Como a ferrovia está duplicada, quando um trem termina de passar, o outro já está vindo. A estrada está ruim, e com a época de chuva, a estrada fica intrafegável,” explicou.
No dia 27 de março deste ano a comunidade organizou uma manifestação, para reivindicar melhorias na estrada de acesso que a Vale utiliza na obra de duplicação. Segundo José de Ribamar Tinoco (68), a motivação da interdição se deu pela situação que as crianças estavam passando. “Por conta própria, os meninos pegaram um carrinho de mão para carregar as pedra e tapar os buracos da estrada, para que o transporte escolar chegasse até aqui, mas os funcionários da empresa passaram debochando das crianças e isso revoltou a comunidade” Segundo José a comunidade tem reclamado pra empresa, mas o trem continua parando e o tempo de espera aumenta, pois o local fica perto de um pátio de cruzamento.
A situação se torna ainda mais grave quando alguém necessita de cuidados médicos, neste caso, o tempo em espera pode custar a vida de uma pessoa, foi o que aconteceu com uma moradora da comunidade. Segundo José Ribamar Lisboa (58), uma idosa estava passando mal, foi socorrida de moto e ao chegar na ferrovia o trem estava estacionado. “Como o trem estava parado, nós passamos a moto pela frente do trem para que ela chegasse no hospital a tempo. No dia da manifestação veio um funcionário da empresa e disse assim” vocês sabiam que vocês estão cometendo um crime, estão paralisando o trabalhos dos outros? E eu respondi – doutor será que a pessoa lutar por seus direitos é crime?”, argumentou.
Outro problema enfrentado s é a falta de iluminação na ferrovia, que deixa o trajeto perigoso. “As adolescentes que estudam a tarde só chegam a noitinha, o ônibus não tem como passar e deixa elas no viaduto [cerca de 2km], no escuro, pois não tem iluminação no local. Vivemos com grande dificuldade encurralados pela Vale” desabafou.
Por Lidiane Ferraz
Fonte: Justiça nos Trilho
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