Organizações sociais e movimentos populares integrantes da Frente Brasil Popular lançaram no dia 29 de maio, na PUC-SP, o Plano Popular de Emergência em ato pelas Diretas. O Plano traz elementos centrais que se atendidos podem mudar a realidade do Brasil. Neste artigo o dirigente nacional do MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores Frei Sérgio Görgen, aborda a necessidade de fortalecermos a disputa dos símbolos que materializam o Plano de Emergência por meio de quatro Palavras-Elemento, trazendo ainda mais para o contexto popular as reflexões e propostas do documento.


A Simbologia dos Quatro Pilares. Para Debater o Plano Popular de Emergência

Os revolucionários russos, há cem anos, traduziram os ideais da revolução em três palavras/símbolo: Terra, Pão e Paz. Estavam diretamente ligadas às angústias sentidas pelo povo, precisando plantar, comer e não ver os jovens morrendo na guerra.

A Frente Brasil Popular lançou o Plano Popular de Emergência para disputar os destinos do país e aglutinar forças populares para tirar o Brasil da grave crise em que a burguesia o mergulhou. Aqui propõe-se expressar publicamente este Plano – como porta de entrada para o todo de seu conteúdo – em quatro palavras/temas/símbolos:

EMPREGO – ALIMENTO – MORADIA – ENERGIA.

As razões são de conteúdo, mas principalmente, de ordem simbólica. E neste sentido tem razão de ser a escolha de quatro itens do conteúdo, por sua aderência às necessidades populares, mas também o número das palavras/tema escolhidos: “4”. O motivo é que o número “4” tem no inconsciente coletivo da população uma carga simbólica extraordinária. Não se trata de numerologia barata, mas de simbologia presente no inconsciente coletivo e no universo simbólico coletivo da população.

O número “4” indica os 4 pontos cardeais – norte, sul, leste, oeste. Dá ideia de Nação, de Globalidade, de força conjunta, de unidade.

Indica os 4 elementos originários da vida e do universo: água, ar, terra e fogo. Dá ideia de originalidade, de força originária, de força que vem de baixo, de mística forte que vem do chão.

Indica os 4 cantos da maioria das construções e espaços com os quais mais convivemos: os quatro pilares de uma casa; os 4 pés de uma mesa; as quatro rodas de um carro; os quatro cantos de um campo de futebol, de uma quadra de esportes. A maioria do que construímos e vemos se firma ou se expressa em 4 pilares ou quatro cantos.

Indica os 4 Evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João. Conecta com as raízes religiosas de nosso povo, do encontro com a simbologia do que há de puro e digno no ser humano em suas raízes espirituais.
O número 4 é um número simples, fácil de contar, fácil de memorizar – representa a simplicidade – ao mesmo tempo que não é binário, não é simplificante, é mais que 2, mais que 3. Representa o início da complexidade. Seus múltiplos somam muito. Fácil de contar, mas seus múltiplos crescem muito e rapidamente.

Os poderes institucionais da República são 3. Isto também está marcado no inconsciente popular. O número 4 é o povo, a cidadania, a massa popular, o povo trabalhador, que é o poder real e constitui os outros 3. Quando estes “3” fracassam – como hoje no Brasil – é o povo, o número 4, que assume as rédeas e reconstitui a Nação.

O outro motivo é que, debatendo e propondo medidas para estes 4 pilares do Plano, debate-se o Brasil e propõe-se um Plano Popular para o Brasil em sua totalidade.

Gerar Emprego implica debater e propor obras públicas, solução de problemas quotidianos (estradas, abastecimento de água, saneamento básico), retomada do crescimento, saúde, educação, outra política econômica, outra política fiscal.

Alimento puxa o debate da Reforma Agrária, apoio e recursos aos pequenos agricultores, agricultura camponesa, abastecimento popular, produção de comida saudável, superação da fome, programa camponês, geração de trabalho no campo, mudança no modelo agrícola.

Construir milhões de Moradias representa dignidade para morar e viver, significa muita gente trabalhando, geração de atividade econômica e emprego em cascata em todos os ramos da economia, saneamento, reforma urbana, qualidade de vida no interior e nas cidades.

A Energia traz à tona a defesa do Pré-sal e da Petrobras, a Eletrobras, o conteúdo nacional, a soberania nacional, o patrimônio mineral de todos os brasileiros para todos os brasileiros, o reforço e a qualidade da energia para os pequenos agricultores, recursos para saúde e educação, tecnologia, energia renováveis, muito emprego, reerguimento do país.

E tudo o mais virá por acréscimo num vigoroso debate popular na disputa pelos rumos da Nação tocando a alma do nosso povo e gerando energias políticas transformadoras.

Frei Sérgio Antônio Görgen

Fonte: Site MPA

Crédito Foto: Laryssa Sampaio