Cerca de 150 jovens de diversas regiões do estado de Rondônia participaram entre os dias 2 a 5 de junho, do III Acampamento da Juventude da Via Campesina. Ao final do encontro, que aconteceu no município de Ouro Preto do Oeste, os jovens marcharam contra a reforma da previdência, trabalhista, contra o agronegócio e pedindo Diretas já.  Confira o documento final:

MANIFESTO DA JUVENTUDE DA VIA CAMPESINA – RONDÔNIA

Nós, 150 jovens reunidos durante os dias 2 a 5 de junho de 2017, no III Acampamento da Juventude da Via Campesina de Rondônia, de diversas regiões do estado, vivenciando um espaço político de formação cultural, social, debatemos a conjuntura atual, e nos colocamos radicalmente contra o capital e suas formas de reprodução no campo, manifestos por meio do agronegócio, do modelo energético, como forma de saquear os bens naturais, expulsando os povos dos seus territórios, e matando os que lutam por direitos.

Entendemos que a crise política é reflexo de um momento de reorganização do capital, na busca de maximização de lucros, a custa dos direitos sociais e da superexploração da natureza. A reforma trabalhista ( PL 6.787/2016 ) e da previdência (PEC 287), a venda de terra para estrangeiros (MP 756), são a transferência dos custos dessa crise para as trabalhadoras e trabalhadores.

Na Amazônia, os lutadores e lutadoras, defensores de direitos humanos, tombam pelas mãos do capital, com a omissão, a conivência, e por vezes pelo aparato militar do Estado. Em Rondônia, os conflitos agrários explodem, enquanto camponeses, povos das águas, das florestas, indígenas e quilombolas seguem resistindo e enfrentando os impasses da luta pela terra, pois sabemos que a única forma de emancipação é o exercício da soberania sobre nossas riquezas e territórios.

Apontamos a agroecologia como o modelo de produção necessário e urgente para o campo, onde o modo de vida e reprodução do campesinato encontram solo fértil na cultura, na arte e nas tradições camponesas, como caminho para a produção de alimentos saudáveis, e livres de agrotóxicos, garantindo a permanência no campo com o acesso as tecnologias, saúde, educação, moradia, transporte, cultura, lazer e esporte.

O estágio atual da luta de classes, coloca para juventude a tarefa fundamental do trabalho de base, nas escolas, nos bairros, nas universidades, nas ocupações, e a organização e massificação das lutas populares, para a construção do Poder Popular, entendendo que nenhum governo ou forma de representação política será legitimo sem a participação direta das massas. Para isso, a Agitação e Propaganda se apresenta como instrumento de denúncia dos nossos inimigos e diálogo com a sociedade.

Entendemos ainda, que a juventude padece de incompreensões, que até certo ponto limitaram sua participação política. É compromisso das organizações sociais, potencializar a participação da juventude e sua formação política e ideológica.

Diante disso, reafirmamos nossa militância com a construção do socialismo.
Contra o imperialismo, pela soberania popular na Amazônia!

Viva os 100 anos da Revolução Russa!
Diretas por direitos!

Juventude da Via Campesina de Rondônia
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Conselho Indigenista Missionaria – CIMI

 

Foto: Adilvane Spezia/MPA