Cerca de 100 pessoas participaram de uma Assembleia Popular da Mineração na comunidade Quilombola de Bebedouro, no município de Bom Jesus da Lapa (BA), realizada no dia 7 de agosto. A maioria dos participantes são trabalhadores do Território de Araçá/Volta, Bebedouro e Comunidade Extrativista de Boa Vista.
Os territórios vivem em conflito com a VALEC, responsável pela construção da Ferrovia de Integração Oeste Leste – FIOL. O principal problema envolve a construção dos canteiros de obras que aterraram o braço do Rio São Francisco (curso natural) que garante que 10 lagoas sejam banhadas pelas águas do velho Chico atendendo a centenas de famílias da região.
A Assembleia contou no primeiro momento com um debate sobre a conjuntura mineral nacional e da Bahia, facilitado por Venício Montalvão, militante do Movimento Pela Soberania Popular da Mineração, que destacou que o conflito deve ser entendido para além da obra no território. “É preciso saber que está em disputa interesses diferentes, ou seja o que acontece é a sobreposição dos interesses do capital, em detrimento da vida dos trabalhadores. Neste momento em que o capital tem seus interesses declaradamente representados pelo poder do Estado na figura do presidente ilegítimo de Michel Temer e companhia, os conflitos tendem a aumentar e o sistema a avançar sua exploração sobre trabalhadores e trabalhadoras que passam a ter menos possibilidade de conseguir que o Estado venha ceder e atender às necessidades reais do povo. O interesse do capital é explorar cada vez mais os bens naturais se apropriando da riqueza a qualquer custo”. destacou Montalvão.
Segundo Venício, as mudanças com o novo código de mineração reafirmam esse modelo de mineração, que visa apenas explorar os bens naturais do povo para exportação, levando toda riqueza e deixando os problemas no território. “Para conseguir vitória o povo precisa se articular com todos aqueles que vivem em contradição com a ferrovia em todo estado, também com as comunidades impactadas por mineração, e o povos da região onde será construído Porto Sul”.
A conjuntura local foi conduzida pelo morador do Quilombo de Volta, Lucas Marcolino, que destacou que a VALEC tem avançado no território de diversas formas que desfavorecem a população. “Por onde passa, deixa danos. A população precisa despertar para lutar, pois o estado não faz as políticas públicas, mas somos nós mesmos, unidos, organizados e em luta. As leis que estão para ser votadas vão piorar a situação do povo quilombola e suas condições de luta. Por isso, é preciso estarmos fortes, bem organizados e dispostos a fazer luta”, destacou.
A Assembleia contou também com espaços culturais, como a apresentação de poesia e musica e foi um espaço produtivo de debates, onde a população manifestou sua reivindicação, contribuiu com as reflexões e fez proposições com o objetivo de continuidade na defesa do território.
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