A América Latina foi invadida, violentada e saqueada, retiraram nossas riquezas (bens da natureza, trabalho, cultura). Gradativamente, criaram condições para nos impedir de nos construirmos enquanto povo e nação, ou seja, ter a capacidade histórica de exercermos a soberania. A partir de então, os nossos destinos têm sido controlados por interesses externos sobre o controle de forças econômicas, políticas e militares, que gestaram e atualmente correspondem ao imperialismo.
Nas palavras de Florestan Fernandes, em todo momento da história em que os nossos povos se levantaram e/ou avançaram rumo a perspectivas mínimas de soberania, sendo em poucos e opacos períodos de democracia, enfrentaram a força massacrante do contra poder exercido pela classe dominante, através de golpes contra a possibilidade do poder ser exercido pela classe trabalhadora iniciando períodos fascistas típicos das nossas relações política e econômica.
Desde a eleição de Hugo Chávez na Venezuela, em 1998, a América Latina viveu um período de eleições de governos progressistas, mesmo com suas especificidades. Esse processo é resultado do acúmulo de forças que se articularam contra as políticas neoliberais da década de 1990 e também a insatisfação das burguesias internas (subordinadas ao imperialismo, mas com contradições específicas) que reivindicavam condições de obter ganhos econômicos.
Porém, nenhum desses governos conseguiu superar a blindagem neoliberal a partir de seu tripé econômico: câmbio flutuante; metas de inflação; e superávit primário. Essa estrutura se sustentava a partir da economia agro-hidro[carboneto]-minério exportadora, em detrimento da vida das populações camponesas que sofrem com a violência desse processo.
Nesse período de governos progressistas, é notória a melhoria das condições de vida dos mais pobres, relativa autonomia política e econômica em relação aos Estados Unidos da América, especialmente a partir de maior aproximação com o eixo Sul-Sul, África, Rússia, e principalmente com a China, justamente o principal porto que se abastecia da reprimarização da economia latino-americana. Neste caso, as políticas econômicas adotadas garantiram certa autonomia, tendo maior soberania em especial com o petróleo, até mesmo sob forte pressão do império (como no caso da votação em relação ao leilão de partilha no Brasil e com a política de melhoria da vida dos mais pobres a partir dos lucros com a exploração do petróleo na Venezuela).
Neste momento de crise econômica profunda do modo de produção capitalista, enfrentamos o reposicionamento dos canhões, das garras do saque e os ditames da Casa Branca, pressionada pelo crescimento chinês. Já que para as classes dominantes não é compatível manter governos progressistas em conjuntura histórica como esta, a saída é a repetição da tragédia, os golpes nas nossas frágeis e efêmeras democracias, ainda que golpes de novo tipo (sofisticados) como no caso do golpe em Honduras (em 2009), Paraguai (em 2012) e Brasil (em 2016).
É neste contexto que se encontra a Venezuela, enquanto parte deste povo que começou a reconstruir condições para ser reconhecido enquanto tal, constituir-se enquanto nação e exercer soberania. Por isso mesmo, a Venezuela passa antes de tudo pelo cerco imperialista que busca sufocar através da violência, agonizar na desestabilização econômica e fazer sangrar com uma guerra civil aberta.
O povo venezuelano resiste, sendo a Assembleia Constituinte (concorde ou não) o exercício encontrado para manter-se livre do controle e ditames imperialistas que solidificam, como no Brasil após o golpe. O processo referendado por mais de oito milhões que compareceram às urnas, mesmo com os boicotes e sabotagem comandada pela elite venezuelana associada ao imperialismo, demonstrando então ser essa a saída para retomar a paz e o desenvolvimento soberano da Venezuela.
É na perspectiva pedagógica de exercer soberania na mineração que o MAM – Movimento pela Soberania Popular na Mineração surge em 2012. Neste período de construção, temos clareza de que não é possível exercer soberania sem a capacidade de exercer o internacionalismo naquilo que nos unifica, a solidariedade de classe, sendo que esta pelas suas especificidades históricas tem como principalidade o nosso povo latino-americano.
É por isso mesmo que nos colocamos ombro a ombro com o povo venezuelano, defendemos a democracia venezuelana, assim como a legitimidade da Assembleia Constituinte como um instrumento previsto na Constituição e manifestamos nosso repúdio aos ataques imperialistas, deliberadamente, explicitados pelas tentativas constantes de desestabilização econômica e da preparação de uma guerra civil aberta, estimulada ideologicamente pelo papel da mídia burguesa que distorce e desinforma todo o povo latino-americano.
Soberania é antes de tudo reivindicar a solidariedade de classe. Por isso, nossa luta segue firme contra os ataques do governo golpista de Michel Temer, capacho do imperialismo, que busca intensificar o saque dos nossos bens da natureza, entre eles nossos minérios, e de braços dados e inspirados/inspirando a luta do povo na Venezuela: “devemos vencer as divisões e conspirações, derrotando em mil batalhas aqueles que pretendem, de dentro e de fora, debilitar e trazer abaixo a pátria e sua independência”.
Chávez e Bolívar Vivem!
Contra o Império, somos todos Venezuelanos!
Por um País Soberano e sério, Contra o Saque dos Nossos Minérios!!!
MAM – Movimento pela Soberania Popular na Mineração
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