O Instituto Evandro Chagas (IEC) confirmou nesta quinta-feira (22) o vazamento das bacias de rejeitos da empresa Hydro Alunorte, em Barcarena, nordeste do Pará. O laudo mostra que houve vazamento de resíduos líquidos junto a lama vermelha contaminando o meio ambiente e colocando em risco à saúde de comunidades rurais.
O parecer é resultado da visita técnica realizada pelos funcionários do Instituto no local, nos dias 17 e 18 de fevereiro, mesmo final de semana em que houve grande volume de chuva na região.
A denúncia foi feita pelos próprios moradores das comunidades que ficaram preocupados com a mudança de coloração das águas dos rios próximos, que apresentaram tons avermelhados, o que levou a suspeitar que as bacias de rejeitos teriam ultrapassado os seus limites.
Durante coletiva de imprensa, o pesquisador em saúde pública do IEC, Marcelo Lima, afirmou que as comunidades que vivem nas proximidades das bacias correm sérios riscos. “Você tem comunidades que estão as margens de todo esse processo como Bom Futuro, Vila Nova, Burajuba, essas hoje estão em risco, nós não sabemos o que pode ocorrer com a intensificação das chuvas, hoje nós recebemos denúncias que continua vazando tudo”, alerta.
O parecer técnico apresentado pelo pesquisador sugere que a população seja abastecida de água potável até que se diminua a intensidade de chuvas na região. Os poços artesianos nessas comunidades são rasos e a água pode estar comprometida pelos rejeitos químicos.
De acordo com o promotor de justiça Laércio Abreu, do Ministério Público do município de Barcarena, a empresa foi notifica pelos órgãos ambientais.
“ Essa água estava com uma coloração meio avermelhada, alaranjada e logo na ocasião os órgãos fiscalizadores, no caso a Secretaria do Meio Ambiente do município de Barcarena e a do Estado do Pará, constatando isso, logo notificaram a empresa e já tomaram providências para autuá-la por essa irregularidade, porque esse lançamento seria um lançamento irregular, sem licenciamento”, afirma.
Ameaças constantes
O presidente do Sindicato dos Químicos de Barcarena (SindQuimicos), Gilvandro Santa Brígida, afirma que a preocupação dos moradores se deve ao histórico de contaminações e vazamentos de rejeitos químicos na região, causados pelas empresas instaladas no município.
“Barcarena já teve várias contaminações, é uma cidade cheia de indústrias que produzem rejeitos e que precisam de áreas de um raio muito grande de material para colocar, depositar esse rejeito”, sustenta.
O MP instaurou, na segunda- feira (19), dois inquéritos, um aberto pela Promotoria de Justiça de Barcarena, para investigar o vazamento de rejeitos da Hydro Alunorte e seus impactos ao meio ambiente. A outra investigação foi aberta pela Promotoria Agrária de Castanhal e pretende apurar os impactos socioambientais possivelmente provocados pelo vazamento em comunidades tradicionais como ribeirinhos e quilombolas.
Por Lilian Campelo/ Foto Destaque: Ministério Público do Pará/Divulgação
Fonte: Brasil de Fato
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