Fechamos o último final de semana com dois pedidos de desculpas de duas transnacionais do setor mineral: as empresas Hydro Alunorte e a Anglo American. A Hydro Alunorte se desculpou por despejar água não tratada do beneficiamento industrial da bauxita, e por ter contaminado o Rio Pará, em Barcarena (PA). A Anglo American, pelo rompimento do mineroduto do Projeto Minas Rio, acontecido no município de Santo Antônio do Grama (MG), que deixou essa população sem abastecimento de água. As desculpas deveriam ser também pela violência praticada contra o povo de Barcarena e o povo de Santo Antônio do Grama, e contra a sociedade brasileira, tendo em vista os impactos incalculáveis causados a natureza e à vida. Situações como essa não são novidade no modelo mineral brasileiro. A constância de ocorridos como o que aconteceu em Barcarena e Santo Antônio do Grama desvelam a face destrutiva do capital mineral.
Ao povo que está com o futuro incerto quanto ao seu modo de viver, sua água, seu destino não vai se contentar com desculpas. O povo quer justiça, que nos foi historicamente negada, sempre prevalecendo o poder econômico da mineração. A indústria mineral busca esconder na lama da história o sangue do povo. A palavra justiça não é bem-vinda. Não é por acaso, os mais de dois anos de impunidade para a Vale e a BHP Billiton no crime da Samarco.
A transformação desse modelo somente pode ser obtida com organização e luta popular. É urgente e necessário o debate nacional sobre o problema mineral brasileiro. O povo não precisa de desculpas, o povo precisa de participar e decidir os rumos da mineração no nosso país. É preciso maior controle popular sobre os nossos bens minerais. É urgente avançarmos na luta por Soberania Popular na Mineração!
Coordenação Nacional do MAM
20 de Março de 2018
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