O Assentamento Morrinhos em Santa Quitéria no Ceará acolheu juventudes das pastorais sociais, MAM, Cáritas Brasileira Regional Ceará, Levante Popular da Juventude, Grupo Tramas e MST para um intercambio regional durante os dias 09, 10 e 11 de março. O intercâmbio foi organizado pela comunidade de Morrinhos juntamente com a Rede Estadual de Juventudes, Cáritas Diocesana de Sobral e Cáritas Regional Ceará em parceria com o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
Morrinhos é uma comunidade localizada no Sertão Central do Semiárido Cearense, cravada em uma região de serras e que há seis anos vem sofrendo com a escassez hídrica. É lá que se localiza a maior jazida de urânio do Brasil, que nesta região se encontra associado ao fosfato nas rochas. A abertura e exploração desta mina ameaça a manutenção da paisagem, os modos de vida das populações e a saúde de milhares de famílias de comunidades localizadas no entorno da mina.
O mineração do urânio representa perigo pelo seu caráter radioativo e tóxico, com riscos altíssimos para o natureza e as pessoas da região. Este território está no alvo de empresas de mineração desde o final da década de 70, mas foi em 2004 que a exploração ficou mais próxima de se tornar realidade, com a formação do Consórcio Santa Quitéria, pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e Grupo Iara (antigo grupo Galvani).
Desde então, algumas comunidades como o Assentamento Queimada e Riacho das Pedras se juntaram a Morrinhos em busca de informação sobre o projeto e passaram a receber solidariedade e apoio de movimentos, organizações sociais e instituições de pesquisa. Com a formação dessa rede as comunidades ficaram mais fortalecidas e passaram a organizar a resistência para que a exploração não se concretize.
O intercambio proporcionou três dias de vivências e debates que aproximaram diferentes realidades juvenis em torno de um propósito comum: conseguir fortalecer as resistências locais através de um movimento de solidariedade que conecte jovens por todo o Ceará.
Ao longo do intercambio aconteceram rodas de conversa sobre o contexto brasileiro e cearense da mineração, além de oficinas relacionando a mineração com temas como água, agroecologia e campesinato, mulheres e juventude.
A noite cultural foi realizada na frente da Casa de Sementes Manoel Eufrázio Gomes, recém construída, e foi marcada por apresentações elaboradas
durante as oficinas e por apresentações de pessoas da comunidade, aproximando jovens, adultos, idosos e crianças. Os encaminhamentos foram traçados pelo grande desafio de encontrar as formas de construir a soberania popular frente a mineração nos territórios cearenses.
Os militantes do MAM-CE lançaram as estratégias e mobilizações que estão sendo feitas para a realização do I Encontro Nacional do MAM que acontecerá em Parauapebas, no Pará. O Ceará está se organizando para levar uma caravana de 50 pessoas, incluindo comunidades atingidas, parceiros/as, apoiadores/as, pesquisadores/as e agora a rede de juventudes que se somam para fazer debate sobre a questão mineral em cada recanto do Ceará!
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