O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), é mais um episódio decorrente do modelo predatório de mineração adotado pelo Estado brasileiro em conivência com as empresas transnacionais que atuam no setor.
A barragem de rejeitos é pertencente ao Complexo Minerário de Paraopeba, localizado nos municípios de Brumadinho e Sarzedo. O Complexo foi responsável pela produção de 7% do volume total de minério de ferro explorado pela Vale no Brasil em 2018. Além de três barragens de rejeitos, o Complexo é formado pelas minas de Jangada, Córrego do Feijão, planta de beneficiamento e estruturas complementares, como barragens de contenção de sedimentos.
Em dezembro de 2018, a Vale obteve as licenças ambientais para ampliação da Mina do Córrego do Feijão de forma acelerada, desrespeitando os trâmites normais. O processo de obtenção das licenças ambientais foi realizado de maneira irresponsável, burlando os ritos tradicionais, negligenciando os impactos no abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e contrariando a vontade popular que reivindicava a negação da ampliação do empreendimento.
O crime causado pela Vale matou 9 pessoas até o momento, inúmeras pessoas ficaram feridas e cerca de 350 pessoas ainda estão desaparecidas. Os rejeitos chegaram ao rio Paraopeba destruindo tudo em seu caminho, seja casas, plantações, matas e segue o leito correndo o risco de desembocar no Rio São Francisco. O abastecimento de água de várias cidades pode ficar comprometida, prejudicando comunidades rurais e parte do sistema de abastecimento da RMBH.
A Vale, que historicamente mantém uma prática perniciosa nas regiões onde atua, violando os direitos das comunidades, perseguindo lideranças e destruindo os modos de vida dos territórios, permanece impune até hoje pelo crime cometido em Mariana. A mineradora entra para a história, mais uma vez, como responsável pela morte de dezenas de pessoas.
Manifestamos nossa profunda solidariedade aos trabalhadores, comunidades atingidas e familiares que tiveram seus entes perdidos pelo crime cometido pela Vale. Estaremos atuando de forma conjunta, na organização e construção das lutas necessárias para que os direitos sejam garantidos e a empresa responsabilizada. Exigimos do Estado brasileiro a responsabilização da Vale, dos órgãos ambientais que permitiram mais essa tragédia e a reparação imediata dos danos causados às famílias atingidas.
Ao povo brasileiro não há outra alternativa a não ser lutar contra esse modelo de morte, de saqueio mineral, que impõe uma lógica destrutiva no nosso país! Crimes como esses serão recorrentes se não impormos derrotas ao capital mineral. É necessário tomarmos os rumos da história pelas nossas próprias mãos e exercer a soberania popular na mineração, onde os minérios estejam a serviço e sob controle do povo brasileiro.
25/01/2019
Por um país soberano e sério!
Contra o saque dos nossos minérios!
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