O Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) vem a público denunciar o fato de que a não paralisação da mineração no sudeste do Pará, durante a pandemia da Covid-19, tem potencializado as contaminações e óbitos decorrentes desta doença nessa mesorregião. Conforme evidenciado no mapa e na tabela abaixo, elaborados através do cruzamento de dados do SIGMINE, da Agência Nacional de Mineração (ANM), com informações sobre o impacto do coronavírus no Pará divulgadas pela Secretaria de Saúde deste estado (SESPA), podemos facilmente perceber que os municípios onde existem grandes projetos de mineração são os mais afetados pela Covid-19.

Parauapebas, Canaã dos Carajás e Marabá, três dos municípios mais minerados do país, encabeçam a lista dos que mais sofreram com a Covid-19 no sudeste paraense. No primeiro, até o dia 20 de maio, haviam sido confirmadas 610 contaminações e 49 óbitos (taxa de letalidade de 8,03%); em Canaã dos Carajás, por sua vez, até a data referência foram identificadas 283 contaminações e cinco óbitos (letalidade de 1,77%); já em Marabá, os números assustam ainda mais em função do elevado percentual de letalidade, uma vez que foram identificadas 280 contaminações com 53 mortes, ou seja, uma assombrosa taxa de letalidade de 18,93%, muito superior à média nacional. Também chama atenção o caso do município de Paragominas, onde a mineradora norueguesa Nosrk Hydro extrai bauxita, que até 20 de maio registrou 172 contaminações e nove óbitos (letalidade de 5,23%).


Como podemos perceber a partir do cruzamento destes dados, o eixo de Carajás (Parauapebas, Canaã dos Carajás e Marabá) é o que mais tem sofrido com o coronavírus no sudeste do Pará. Coincidentemente, trata-se da região mais minerada do país, onde existem inúmeros empreendimentos de mineração pertencentes a transnacional Vale S.A., que apesar de a todo instante ventilar na mídia suas ações sociais voltadas ao combate da Covid-19, segue minerando a todo vapor e colocando em risco as vidas de seus trabalhadores e, por conseguinte, a de milhares de pessoas que vivem nos municípios onde ela atua.