Em reunião realizada nesta segunda-feira (10), em Viçosa (MG), moradores das regiões cortadas pela rota de escoamento do minério magnetita, extraído em Teixeiras e Pedra do Anta, conseguiram apoio da Prefeitura e de vereadores para enfrentamento dos impactos do projeto mineral, que foi implementado em março de 2019 e vem sendo desenvolvido desde agosto de 2019, pela empresa Zona da Mata Mineração (ZMM). Dentre os encaminhamentos da reunião está a elaboração de uma lei que regulamente o trânsito de veículos pesados em Viçosa e a realização de uma audiência pública pela Câmara Municipal, com transmissão ao vivo pela internet, com a presença de autoridades de órgãos ambientais que emitiram a licença, além da própria mineradora.
A avaliação dos atingidos(as) é de que foi uma grande conquista, um grande passo dado, mas com a convicção também de que a luta está apenas começando. “Serão ainda muitos meses de resistência pela frente para que possamos, de fato, ficar livres dos impactos do escoamento do minério”, afirma Júlia Alves, moradora da região atingida e que esteve presente na reunião.
Desde agosto do ano passado carretas de quase 50 toneladas começaram a circular pelas ruas do município sem nenhuma regulamentação ou fiscalização. Os moradores vêm denunciando o barulho ensurdecedor de frenagens, buzinas e caçambas batendo dia e noite sem parar. Há relatos de janelas de residências sendo trincadas, destruição da pavimentação de ruas e avenidas, além da denúncia de que na atual rota utilizada pelas carretas há três creches, uma escola estadual e um hospital, mostrando que esses bairros são incompatíveis com esse perfil de trânsito.
O Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) vem contribuindo no processo de organização das famílias atingidas por esse projeto desde julho de 2018 e, junto aos atingidos, denunciando as irregularidades no processo de licenciamento ambiental da empresa, bem como as violações de direitos que vem ocorrendo na mineração e no escoamento pelos municípios da nossa região.
Na reunião realizada essa semana, o prefeito Ângelo Chequer deixou claro seu descontentamento com a postura da empresa, que vem colocando em risco não só as vias do município, mas também vidas humanas por não cumprirem as exigências de carga e regularização dos veículos.
Na ocasião, os vereadores Idelmino, Sávio José e Paulo Sérgio também manifestaram seu repúdio ao projeto, afirmando que a empresa não podia ter estabelecido essa rota sem antes prever os impactos e dialogar com a população e o município para minimizá-los.
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