Coordenada pelo Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), a manifestação contou com cerca de 70 veículos, mobilizando aproximadamente 10 municípios
*Texto e fotos: Kelly Sousa/Coletivo de Comunicação MAM-MG
No último sábado (29), foi realizada em Manhuaçu a 1ª Carreata em Defesa da Vida e Contra a Mineração na Região do Caparaó, em Minas Gerais. O evento, organizado pelo Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), reuniu cerca de 70 veículos, mobilizando cerca de 10 municípios e comunidades, entre elas Monte Alverne e Taquara Preta, diretamente ameaçadas pela mineração no município. A manifestação também recebeu o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Manhuaçu, da Prefeitura Municipal de Manhuaçu e do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).
A carreata teve início por volta das 7h30 na comunidade de Monte Alverne, onde os moradores se reuniram e seguiram rumo à cidade de Manhuaçu, passando pelos córregos de Roça Grande e Coqueiro Rural. “Nós não lutamos somente pela não mineração, nós lutamos pela conservação das nossas terras, das nossas águas, da nossa fauna, da nossa flora, da nossa vida”, afirmou Sabrina Aparecida da Costa Lima, secretária da Associação de Mulheres de Monte Alverne, durante a oração de abertura da carreata.
Após percorrer cerca de 12 quilômetros, a comunidade se reuniu com os demais participantes de outras comunidades e municípios no Centro Pastoral Bom Pastor, de onde a carreata seguiu pela cidade. Conduzida por um trio elétrico, a manifestação percorreu diversas ruas, chamando a atenção da população e recebendo o apoio daqueles que passavam ou acenavam das janelas e sacadas. Durante todo o percurso foram entoados cânticos de resistência, além de serem divulgadas informações sobre as consequências que a exploração da bauxita trará não somente para o município, mas para toda a região do Caparaó.
À frente da carreta, a professora e militante Célia Márcia falou sobre a importância da bauxita no solo. “Aqui no subsolo de Manhuaçu e região há a presença de um importante minério chamado bauxita. Após extraída e processada, a bauxita dá origem a um produto final que é o alumínio, e é por isso que a Mineradora Curimbaba quer extrair esse minério aqui na nossa região. Mas para nós, agricultoras e agricultores, povo que habita esse território, ter a bauxita no subsolo é muito importante, porque ela desenvolve a função como a de uma esponja que absorve e armazena a água das chuvas nos períodos de cheia, abastecendo assim as nossas nascentes e o lençol freático em período de seca”, argumentou.
Célia também lembrou que o minério extraído no Brasil é vendido para outros países que o beneficiam e lucram, enquanto o país sofre com um “modelo predatório de mineração, que coloca o lucro acima da vida”.
Durante a passagem pelo centro da cidade, a carreta contou ainda com a participação da prefeita de Manhuaçu, Maria Imaculada Dutra, que reforçou seu posicionamento contra a mineração no município e também do diretor do SAAE, Marcio Bahia, que ressaltou o quão prejudicial a extração mineral será para os recursos hídricos da cidade, pois entre os locais alvos estão justamente os mananciais que abastecem Manhuaçu.
Ao todo, mais de 25 municípios na região do Caparaó estão sob a ameaça da mineração, 23 deles situados em Minas Gerais: Manhuaçu, Simonésia, Luisburgo, São João do Manhuaçu, Santa Margarida, Manhumirim, Pedra Bonita, Divino, Sericita, Orizânia, Alto Jequitibá, Matipó, Caratinga, Lajinha, Santana do Manhuaçu, Mutum, Santa Bárbara do Leste, Caputira, Caiana, Faria Lemos, Fervedouro e Caparaó. Já outros três estão localizados no Espírito Santo, são eles: Muniz Freire, Ibatiba e Brejetuba.
Veja trechos da carreata realizada no último sábado (29):
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