‘Diálogos da Mineração Minas Gerais’ aborda contradições de acordos de reparação e impactos da Covid-19 no setor 

O Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) promovem, nos próximos dias 01 e 02 de setembro, às 15h, o evento “Diálogos da Mineração Minas Gerais”, com transmissão pelo canal do Youtube do Movimento. O encontro é um dos desdobramentos do projeto de pesquisa desenvolvido pelas duas entidades, que tem por objetivo mapear os impactos socioambientais do setor da mineração tanto para os trabalhadores, quanto para as comunidades afetadas com os empreendimentos, o meio ambiente, a cultura e economia em seis territórios brasileiros minerados.

No primeiro dia de evento serão abordados os aspectos dos acordos e desacordos de reparação firmados entre as mineradoras e as instâncias dos poderes públicos, em sua maioria, de portas fechadas e sem a efetiva participação popular ou das comunidades afetadas pelos crimes. Para discutir a validade desses processos e suas contradições, o ‘Diálogos’ conta com a participação de Dom Vicente Ferreira, que é bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e um importante expoente da luta diária e incansável junto às comunidades atingidas pelo crime da Vale em Brumadinho, e Luiz Siqueira, da coordenação nacional do MAM, que vai falar sobre as lutas de resistência travadas por comunidades como Barão de Cocais, Ouro Preto e Nova Lima, que vivem o que chamamos de “terrorismo de barragens”, ou seja, vivem à espera de mais uma tragédia anunciada por parte da Mineração.

Em pauta, o acordo bilionário efetivado entre a Vale e o governo de Minas Gerais, que é alvo de críticas pois direciona recursos de reparação às famílias das 272 vítimas do crime à obras na Região Metropolitana de Belo Horizonte, como o projeto Rodoanel, por exemplo. O caso de Barão será narrado também com um relato de uma moradora da região, que vai falar sobre como está a vida desde que a sirene da mineradora Vale disparou no dia 08 de fevereiro de 2019 e removeu famílias inteiras de suas casas violando seus direitos. Marcelo Barbosa, militante do MAM, coordena o dia.

No segundo dia de evento, Marta Freitas, da coordenação nacional do MAM, conduz os debates acerca da mineração e a área da saúde, sobre os impactos da pandemia da Covid-19 no setor à luz dos trabalhadores e trabalhadoras, que não pararam sequer um dia desde que a pandemia se alastrou, agravando e muito a situação e contaminação nos municípios minerados.

Para debater esses aspectos, Rafael Ávila ‘Duda’, do Sindicato Metabase Inconfidentes, traz a realidades dos trabalhadores de dentro do cotidiano, e Jandira Maciel, médica sanitarista e professora de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais abordará aspectos mais técnicos sobre a contaminação da Covid-19 em ambientes trabalhistas. O dia conta, ainda, com um relato de um trabalhador da mineração que foi contaminado, as consequências sofridas e os procedimentos que foram tomados.