As novas demandas por mudança de matriz energética no sistema de produção mundial impõe um aprofundamento da exploração de materiais radioativos como o Urânio. Para debater esse e outros assuntos que envolve esse tipo de extração, o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) promovem, nos próximos dias 20, 27 e 28 de outubro, o evento “Diálogos da Mineração Bahia Ceará”.
Com transmissão pelo canal do Youtube do Movimento, o encontro é um dos desdobramentos de um projeto de pesquisa desenvolvido pelas duas entidades, que tem por objetivo mapear os impactos socioambientais do setor da mineração para trabalhadores, comunidades afetadas pelos empreendimentos minerários, impactos ambientais e econômicos em seis estados brasileiros minerados.
No Brasil, o Urânio é usado, por exemplo, dentro de usinas nucleares e para a propulsão nuclear de submarinos. No ano passado, após cinco anos, a produção foi retomada no estado da Bahia, mais precisamente no município de Caetité, pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Para questionar temas em torno da desinformação, dos riscos e da resistência enfrentada pelas comunidades diante da extração radioativa no estado da Bahia, o primeiro dia de evento recebe as colaborações de Marta Freitas (MAM), Cláudia D’Arêde (Universidade Federal da Bahia) e Gilmar Santos (Comissão Pastoral da Terra – Bahia).
“Se não debatermos com a sociedade como, quando, onde e quais são os impactos dessa extração, para que ela está sendo feita e se queremos que ela seja feita em nossos territórios, quem fará por nós? Isso somado ao histórico de violações, crimes e manipulação de informações ligados à essa cadeia produtiva torna o cenário cada dia mais perigoso para a população e o meio ambiente. Debater e pensar ações conjuntas entre os diferentes setores da sociedade brasileira que serão direta ou indiretamente afetados por essa atividade mineral se faz urgente”, questiona Camila Mudrek, do MAM, que media o primeiro dia.
Já na próxima semana o Diálogos vai aportar no Ceará, estado que enfrenta resistência histórica à extração de Urânio com o movimento da Articulação Antinuclear do Ceará (AACE). A articulação atua no combate ao chamado Consórcio Santa Quitéria, que envolve também a INB, a empresa privada Galvani Indústria, Comércio e Serviço S.A e o governo do Estado que visa a produção de energia nuclear e fertilizantes.
No dia 27 de outubro o evento abordará o tema “Avanço da mineração no Ceará: ameaças, conflitos e crimes socioambientais”, com as participações de Pedro D’Andreia (MAM), Jeovah Meirelles (Universidade Federal do Ceará), Eline Mara (Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Ceará – CEREST/CE) e um depoimento de um morador do território.
Já no dia 28, o debate vai girar em torno dos aspectos relativos aos impactos nas águas, meio ambiente e na saúde humana diante da extração de Urânio e Fosfato. Para compor a mesa, a professora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Talita Furtado, que é também da AACE, o pesquisador Rafael Potiguar (TRAMAS/UFC) e o deputado estadual Renato Roseno. O dia também contará com um depoimento de morador do território.
Serviço
Diálogos da Mineração Bahia – Ceará
Quarta-feira (20 de outubro), às 18h
www.youtube.com/MAMnacional
Link direto pro evento. Ative o sininho: https://youtu.be/dDv_-Qu6h4I
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