A Vale anunciou recentemente a aquisição da totalidade da participação de 45% da Cemig na Aliança Energia, concluindo a compra por R$ 2,7 bilhões

 

Por Ela Lima

A Vale, que começou como uma estatal brasileira e foi privatizada em 1997 por um valor consideravelmente abaixo do mercado, transformou-se em um gigantesco conglomerado. Hoje, a empresa está presente em 26 países e é a segunda mais valiosa da América Latina e uma das maiores mineradoras do mundo. Originária das nascentes do Rio Doce, a Vale agora opera em 13 estados brasileiros e tem sido um motor da reprimarização da economia brasileira, intensificando a exploração e exportação de produtos primários, o que contribui para a posição de subserviência e subdesenvolvimento perpétuo do Brasil no cenário global.

Apesar de notória pelos desastres de Brumadinho e Mariana, os dois maiores crimes ambientais do país, a Vale continua a expandir suas operações de forma predatória em muitos outros municípios mineiros. No último ano, a empresa anunciou o Projeto Serpentina na Bacia do Rio Doce, que está em fase de licenciamento. Esse novo projeto de exploração de minério de ferro visa produzir anualmente 47 milhões de toneladas, centrado na já sobrecarregada cidade de Conceição do Mato Dentro, onde desde 2007 opera o projeto Minas-Rio da AngloAmerican.

O IMPACTO DO PROJETO SERPENTINA

O Projeto Serpentina, também extração de minério de ferro, prevê a construção de 18 cavas e um mineroduto de aproximadamente 115 quilômetros, seguindo no sentido do município de Nova Era (MG). Além destes, também serão diretamente afetados pelo empreendimento: Dom Joaquim, Morro do Pilar, Carmésia, Santo Antônio do Rio Abaixo, São Sebastião do Rio Preto, Itambé do Mato Dentro, Passabém, Santa Maria de Itabira e Antônio Dias.

Em fevereiro deste ano a Vale informou que fechou um acordo com a AngloAmerican para adquirir 15% de participação no complexo Minas-Rio e estabelecer uma parceria no ativo, em operação que contará com recursos de minério de ferro da companhia brasileira do depósito de Serra da Serpentina.

O Projeto Minas-Rio em Conceição do Mato Dentro, por sua vez, está em sua terceira fase de expansão: com previsão de um significativo aumento da cava, e o alteamento da barragem de rejeitos que ficará 7 vezes maior do que a de Fundão, da Samarco.

Um estudo do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (GESTA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) destacou que, na mesma reunião em que foram aprovadas as expansões da Minas-Rio da Anglo American e do complexo Córrego do Feijão em Brumadinho, as licenças foram obtidas por meio de um procedimento simplificado. Essa flexibilização das normas de segurança e licenciamento acelera a expansão dessas corporações e coloca em risco a vida de centenas de milhares de pessoas.

A VALE E A PRIVATIZAÇÃO DA CEMIG

Em um contexto de manifestações contra a privatização da Cemig em Belo Horizonte, a Vale anunciou recentemente a aquisição da totalidade da participação de 45% da Cemig na Aliança Energia, concluindo a compra por R$ 2,7 bilhões. Este movimento sublinha a estratégia agressiva da Vale de expandir seu domínio, não apenas no setor mineral, mas também no energético.

Para Luís Siqueira da direção do MAM de Minas Gerais, “a expansão dos projetos da Vale com outras mineradoras e a compra de parte da Cemig, é somente para se beneficiar, sem levar nada de bom para Minas e pro povo, no fim tudo vira lucro para empresa”

 

 

Movimento pela Soberania Popular na Mineração.