Os limites da civilização e barbárie vieram à tona no debate sobre a conjuntura política e mineral no encontro estadual da Bahia
Por: Taciere Santana
As discussões no segundo dia do I Encontro Estadual do MAM na Bahia, começou com análise de conjuntura, ação que os movimentos sociais realizam a fim de contextualizar as bases sobre os debates da organização e quais agentes são implicadores. A mesa foi composta por Leia Nascimento, direção nacional da Consulta Popular, Horácio Araoz, cientista político, sociólogo e professor, e também por Mateus Brito, direção estadual do MAM – BA.
Permeada por temas como organização da classe trabalhadora, papel da juventude nas lutas sociais, necessidades de mobilização e a influência de culturas hegemônicas nas vivências dos povos, a mesa trouxe importantes pontos sobre a necessidade e urgências a serem pautadas pelo movimento e demais organizações sociais. De acordo com grupo de pesquisadores Geografar, a Bahia tem aproximadamente 90 municípios com conflitos provocados pela mineração.
Dentre as pontuações no debate, Leia Nascimento ressaltou que as ações de recuo estratégico não devem ser vistas como sinal de fraqueza, mas uma oportunidade para repensar e fortalecer as estratégias de luta. “A derrota não significa que estamos acabados, só precisamos recuar. Recuar não é paralisar, é pensar novas estratégias para avançar”.
Civilização x barbárie
Na continuidade das discussões o professor Horacio Araoz, da Universidade de Catamarca, da Argentina, trouxe para a mesa a questão da mineração como algo intrínseco a formação das civilizações, mas que no atual viés produtivo em que se pratica, se apresenta essencialmente como potencializador de um sistema de produção oligarquista, ou seja, muito poder na mão de poucos, com ênfase para as atividades de exploração. Na contrapartida, o modelo de mineração reproduzido no Brasil é agente gerador de desigualdades sociais e impactos imensuráveis ao meio ambiente. “Nós precisamos minerar, mas precisamos também cuidar. Cuidar e explorar são os limites que diferenciam o que é civilização e barbárie”, explicou.
Finalizando a primeira parte da mesa, Mateus Brito sublinhou a importância da mobilização da classe trabalhadora para resistir aos projetos que despojam as comunidades de seus territórios. Esse problema está expresso na concentração de poder, e isso impacta os processos de desmobilização da luta, reafirmando a relevância da realização do I encontro estadual com a urgência para trabalhar as ações de mobilização.
“Para que esse projeto soberano na mineração seja concretizado é preciso da classe trabalhadora mobilizada. Se nós estivermos mobilizados, esse projeto minerário não consegue ser implantado”, enfatizou Matheus.
Movimento pela Soberania Popular na Mineração
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