A suspensão afeta diretamente 487 funcionários, além de causar um impacto profundo no tecido social e econômico local
Por Ananda Ridart
A Gerdau anunciou a suspensão das atividades de sua usina em Barão de Cocais, Minas Gerais, justificando a decisão pelos elevados custos de matérias-primas e pela insuficiência de minério de ferro na região. No entanto, essa decisão escancara as contradições e desafios de uma economia cada vez mais dependente da mineração e da exportação de commodities, enquanto as necessidades locais são negligenciadas.
Rafael Tcheba, morador de Barão de Cocais e militante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), expressou sua frustração com a decisão. “Para nós, de Barão de Cocais, a siderurgia é mais do que uma indústria; é parte da identidade da cidade”, disse ele, destacando que o fechamento reflete a contínua primarização da economia brasileira. Segundo Tcheba, “a Gerdau tem usado da formação de pessoal e aperfeiçoamento de processos, mas agora sacrifica essa importância para garantir maiores lucros aos acionistas.”
A suspensão afeta diretamente 487 funcionários, além de causar um impacto profundo no tecido social e econômico local. Tcheba critica a falta de diálogo e a forma abrupta como a decisão foi comunicada, sem o respeito que a comunidade merecia. “Enquanto a Gerdau busca maximizar lucros e atender aos acionistas, são as famílias e os trabalhadores que pagam o preço.”
Tcheba, destacou que o fechamento da usina é mais do que uma questão econômica; é uma traição à comunidade que sempre foi parte essencial da Gerdau, afirmou. Para ele, a justificativa da empresa não se sustenta, dado o potencial mineral ainda existente na região.
O fechamento da usina em Barão de Cocais revela uma faceta preocupante da mineração no Brasil: a primarização da economia, que prioriza a exportação de recursos em vez de investir em industrialização e desenvolvimento local. “A decisão da Gerdau é um reflexo claro da minério-dependência, onde os lucros imediatos superam o compromisso com o desenvolvimento sustentável e a dignidade das comunidades afetadas”, concluiu Tcheba.
Com investimentos sendo redirecionados para outras unidades da Gerdau em Minas Gerais, Barão de Cocais enfrenta um futuro incerto, enquanto a mineração continua a se apresentar como uma solução temporária para os problemas que ela mesma cria. A cidade agora busca respostas e apoio para superar os desafios impostos por uma decisão que, para muitos, simboliza a fragilidade de um modelo econômico insustentável.
Movimento pela Soberania Popular na Mineração
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