“Com punhos cerrados, esquerdo ao alto, entoamos

SIM!!

POR UM PAÍS, SOBERANO E SÉRIO!

E com lágrimas nos olhos dizemos

NÃO!!

AOS SAQUES DE NOSSOS MINÉRIOS!!

Os grandes nos olham e se perguntam,

Quem são esses??

E com mais força respondemos!

Somos os PRETOS, os BRANCOS, MESTIÇOS, AFROS, INDÍGENAS, QUILOMBOLAS e RIBEIRINHOS.

Somos a esperança de muitos,

Não se esqueçam de nois,

pois não esqueceremos de onde viemos e quem somos.

Quem sou eu??

Eu sou o MAM, eu sou o TERRITÓRIO!!!”

 

José Hítalo – Militante do MAM (PA)

 

Foto: Ione Rochael

 

No dia 10 de abril de 2012, na cidade de Parauapebas (PA), um grupo de militantes de diversas organizações ligadas à luta pela terra, em articulação com a Via Campesina e com comunidades impactadas pela mineração, definiu a criação do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), com o propósito de enfrentar o modelo mineral dominante e afirmar a soberania popular sobre os bens minerais.

Forjado na Amazônia e profundamente conectado à ancestralidade e às culturas dos povos e territórios, o MAM se enraizou em diferentes regiões do país, somando forças com trabalhadores e trabalhadoras da mineração e firmando-se como um movimento de resistência e esperança.

Desde o final da década de 1990, os povos do campo, das águas e das florestas vêm intensificando a resistência aos projetos de exploração e escoamento mineral. Quilombolas, indígenas, ribeirinhos, caboclos e camponeses migrantes estão entre os principais afetados. Essas populações, marcadas por sua identidade étnico-racial, por vínculos ancestrais com a terra e modos de vida enraizados em saberes tradicionais, enfrentam, especialmente nas regiões mineradas, a perda forçada de seus territórios diante de um capital em crise estrutural, que transforma a natureza — terra, água e minério — em objeto de exploração predatória, abusiva e irresponsável, visando manter seus lucros a qualquer custo.

Aquela primeira reunião de 2012 marcou o início de um caminho coletivo. Ali foi tomada a decisão de aprofundar a compreensão da realidade mineral brasileira e de manter uma presença crítica e constante nos territórios — no campo, na cidade, nas águas e nas florestas — junto aos povos que constroem a resistência cotidiana enraizada na memória e na ancestralidade de seus modos de vida.

Desde então, essa ação tem se expandido e conquistado novas vozes. A energia da juventude, a força das mulheres, a diversidade de corpos e existências, de saberes e territórios, vem fortalecendo a construção de um projeto que enfrenta as contradições de um modelo mineral injusto e concentrador. O MAM defende que mudanças estruturais só ocorrerão com a construção de um sujeito político coletivo, capaz de enfrentar a lógica do capital e mobilizar transformações profundas na sociedade.

Às vésperas do nosso II Encontro Nacional, que será realizado em agosto, em Fortaleza (CE), nos preparamos para reunir mais de dois mil companheiras e companheiros de luta. O compromisso é fortalecer a luta por territórios livres de mineração, por uma arrecadação e distribuição justa da renda mineral e por um novo modelo que sirva ao povo brasileiro.

A organização popular é o caminho para construir, passo a passo, outro uso dos bens minerais — baseado na propriedade social, no respeito à ancestralidade dos povos e voltado ao bem comum. Um modelo que represente, de fato, a soberania popular e nacional.

Rumo ao II Encontro Nacional!

 

Movimento pela Soberania Popular na Mineração