A audiência pública realizada no distrito do Morro da Água Quente, em Catas Altas, na noite do dia 16/12, teve um desfecho tumultuado após uma agressão contra diretor da Vale
A audiência tinha como objetivo proporcionar um espaço para que a população do distrito do Morro D’água Quente e de Catas Altas pudesse discutir os impactos do projeto de reativação das minas Tamanduá e das Almas. As duas minas ficam muito próximas à comunidade do Morro D’água Quente e à sede de Catas Altas, e a reativação de suas operações tem preocupado a população devido ao agravamento que acarretará nos problemas na saúde pública (especialmente de doenças respiratórias), rachadura nas casas, ampliação dos ruídos, impactos no turismo e nos mananciais hídricos que abastecem o município.
Durante a audiência foram realizadas várias intervenções dos moradores de Catas Altas e do Morro d’água Quente, de ambientalistas e de comerciantes donos de pousadas afirmando o risco para o bem-estar da população caso as minas sejam reativadas. As falas foram todas incisivas contra o projeto da Vale e clamando para que a Prefeitura proteja a população desta ameaça, atendendo para as reivindicações legítimas apresentadas na audiência.
Para Sandra Vita, moradora do Morro D’água Quente e militante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), o desfecho da audiência foi ruim e não condiz com a conduta e valores do conjunto da população contrárias ao projeto. “É uma pena que a audiência finalizou dessa forma, estava sendo um momento importante para os moradores apresentarem seus argumentos e nosso posicionamento de que a reativação da mina Tamanduá vai agravar nossa situação e prejudicar severamente todo o município de Catas Altas. Espero que a Vale e a Prefeitura tenham entendido nosso posicionamento e assumem ações para impedir esse retrocesso. Vamos continuar organizados, de forma pacífica e buscar, via todos os meios democráticos, que nossa reinvindicação seja atendida”, afirma Vita.
O morador que agrediu o diretor da Vale mora na zona de autossalvamento da barragem do Mosquito. Segundo relatos, ele estava extremamente perturbado, sem dormir e em pânico após a Defesa Civil passar em sua casa e afirmar que ele está correndo risco caso a barragem venha a se romper. Em sua intervenção, o morador expôs o drama que tem vivido e disse que faria um ato de justiça contra a impunidade da Vale, pelas centenas de vidas perdidas e centenas de crianças órfãos que os crimes da mineradora deixou. Ao finalizar sua fala, ele desferiu socos no diretor de Licenciamento Ambiental da Vale. A audiência foi encerrada após a confusão. Revoltas como essas tem sido cada vez mais frequentes como uma forma de reagir às violências que a Vale tem cometido no territórios, especialmente quando o poder público se subordina aos interesses das mineradoras.
Os clamores e atividades contra o projeto da Vale tendem a se ampliar e é perceptível que cada vez mais pessoas tem se sensibilizado e somado nesse esforço de lutar pela defesa do bem comum, das águas e por um projeto econômico que tenha como princípio a qualidade de vida do povo de Catas Altas.
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