Lutamos, resistimos!

Por Mayra Souza – Coletivo LGBTQIA+ do MAM

A data remonta a 1969, quando no bar Stonewall Inn, em Nova York, nos Estados Unidos, gays, lésbicas, travestis e drag queens enfrentaram a força policial em um episódio que serviu de base para o Movimento LGBT em todo o mundo. Em resposta, a comunidade se uniu em um movimento que ficou conhecido como Revolta de Stonewall.

No Brasil, mesmo nos períodos mais violentos e autoritários, como durante a ditadura militar, não houve silêncio, covardia ou inércia. Desde as tentativas de formar encontros nacionais entre 1959 e 1972, até a criação do Grupo Somos e dos jornais Lampião da Esquina e ChanacomChana em 1978, e o levante das lésbicas no Ferro’s Bar em1983, além da longa pressão para retirar a homossexualidade da lista de doenças, efetivada em 1985, houve protagonismo, mobilização e luta.

Na militância, há muitos lutadores e lutadoras sociais que enfrentam os grandes projetos de destruição do agro-hidro-minério-negócio, carregando também a resistência e a luta contra as opressões e preconceitos do patriarcado e a LGBTfobia. É crucial ampliar essas vozes nos espaços de luta para não apenas defender o território, mas também para expressar o orgulho LGBTQIA+. A complexidade e a interseccionalidade da violência contra a população LGBTQIA+ representam desafios significativos para sua compreensão na prática. A falta de dados precisos sobre essa população dificulta a avaliação de sua extensão e impacto. Além disso, é importante observar que expressões de LGBTfobia não se limitam apenas às pessoas LGBTQIA+, podendo afetar qualquer indivíduo cuja identidade de gênero e/ou sexualidade seja percebida como não conforme à heteronormatividade. Essa abordagem é evidenciada no primeiro relatório nacional sobre violência contra a população LGBT, que define tal violência como dirigida “contra indivíduos cuja orientação e/ou identidade de gênero presumidas não se alinham à heteronormatividade” (BRASIL, 2012, p. 8).

A mineração atravessa os corpos e existências LGBTs nos territórios, relações de trabalho e no modo de vida. O garimpo/mineração e a degradação das comunidades, a prostituição e a LGBTfobia são realidades impactantes. A entrada de atividades de mineração tem alterado drasticamente a estrutura social das comunidades, provocando conflitos internos, danos à saúde, desigualdade e reprodução de violências. A violência contra pessoas LGBTQIA+ pode manifestar-se de diversas maneiras, incluindo a negação de direitos, discriminação e exclusão institucional ou social. Muitas vezes, suas vidas são permeadas por violências que vão desde o abandono até agressões físicas, sendo a normalização desses episódios um fator que afeta sua percepção do que constitui violência. Como destacado por Anderson Cavichioli (2019), relatos sobre Dandara Katheryn, vítima de assassinato, sugerem que ela poderia ter interpretado o incidente como apenas mais uma agressão entre muitas outras.

A violência contra pessoas LGBTQIA+ pode se manifestar de diversas maneiras, incluindo a negação de direitos, discriminação e exclusão institucional ou social. Muitas vezes, suas vidas são permeadas por violências que vão desde o abandono até agressões físicas, sendo a normalização desses episódios um fator que afeta sua percepção do que constitui violência. (CAVICHIOLI, 2019, p. 17).

É fundamental afirmar a existência da diversidade sexual e de gênero e reforçar a importância dessa compreensão na luta da classe trabalhadora. Devemos pensar na sexualidade como uma dimensão da vida humana com múltiplas possibilidades, indo além das normas e do controle dos corpos, que são adestrados e explorados pelo capital. Também é essencial questionar os dogmas cristãos que perpetuam este adestramento e colaboram com a exploração e a dominação.
Entendendo a necessidade de romper com a lógica de exploração do capital mineral, o Coletivo LGBTQIA+ do MAM se posiciona como uma ferramenta para organizar a luta contra o capital e contra todas as formas de opressão e exploração da natureza e do ser humano.