Histórico

A construção de um movimento que pretende popularizar as decisões sobre a mineração no Brasil é algo histórico, sobretudo pelo lugar que a mineração ocupa na nossa formação econômica e social. A contínua contradição da mineração em nosso país já foi interpretada pelo pensamento clássico brasileiro, que juntamente com o pensamento político revolucionário nos ensina que o método para analisar esta conjuntura é a própria realidade mineral do país. Uma organização só existe de fato se ela for a expressão da realidade em movimento que ela está inserida e que pretende transformar.

E por que esta emergência histórica acontece no tempo presente e não antes? São mais de 400 anos de mineração no Brasil, divididos em dois grandes ciclos temporais: o período colonial, centrado na exploração de ouro e pedras preciosas, e o que se inicia em meados do século XX, tendo o minério de ferro como principal minério a ser extraído e exportado. Em nenhum desses momentos o povo brasileiro obteve êxito em imprimir um maior controle sobre a extração de um dos mais estratégicos bens naturais do país: os minerais. A exploração aconteceu e acontece de modo subordinado, inserida na lógica do capitalismo dependente, que coloca o Brasil como exportador de matérias-primas comprometendo a nossa soberania de diferentes maneiras.

Toda tentativa de transição de uma cultura colonial para a formação de uma nação democrática e soberana foi aniquilada pela mentalidade entreguista da burguesia conservadora e subserviente ao mercado internacional. Esse cenário controlado por essa formação traçou um sentimento contra a população, em geral antinacional, antissocial e antidemocrático, como chamou atenção Florestan Fernandes no seu livro a “Revolução Burguesa no Brasil”.

Os elementos históricos da formação econômica e social brasileira são, também, decisivos para compreendermos a concepção do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), que busca e projeta ideias de mudanças estruturais da nossa sociedade. E isto só será possível se a construção passar por um sujeito político coletivo, atuando para frear o livre arbítrio do capital sobre os minérios, o que conjuntamente pode mobilizar uma série de mudanças sociais que estão ligadas a esse processo de saque e espoliação.